poema de Mário Dionísio
(de As solicitações e emboscadas, 1945)
música de João Caldas (2012)
Como o vento
que abana as folhas e os cabelos das crianças mansamente
Quando? Quando?
Como o vento
que crispa a face das águas e varre as nuvens do céu teimosamente
Quando? Quando?
Como o vento
que arrasta tudo em furacão à sua frente
Quando? Quando?
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Se queres passar
Allegretto da 7.ª sinfonia de Beethoven com palavras
respigadas do poema "Mascarim entre as musas", de
MD
Se queres passar
abraços possíveis
vai lá ao fundo
lá bem no fundo
se queres a voz
e o coração (julgas que há em nós)
sem sem sentido
sofreguidão
Julgas que desisto
(e) não vês tantas faces
não vês mais que gritos
alguma coisa falta
diz lá quem sou
(se passas e) não vês o clamor
lá bem no fundo
o amor do mundo
E ficar vendo
sem ficar sendo
sem me ter visto
julgas que desisto
se queres a voz
e o coração (julgas que há em nós)
todo o calor
na tormenta escondido
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Canto
poema de Carlos de Oliveira (1945)
música de Pedro Rodrigues (2012)
Cantar é empurrar o tempo ao encontro das cidades futuras
fique embora mais breve a nossa vida
Tu, coração não cantes menos
que a harmonia da terra
Nem chores mais
que as lágrimas dos rios
Livre
poema de Carlos de Oliveira
música de Fernando Lopes-Graça
Não há machado que corte a raiz ao pensamento
não há morte para o vento
não há morte
Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida
sem razão seria a vida
sem razão
Nada apaga a luz que vive
num amor num pensamento
porque é livre como o vento
porque é livre
Não há machado que corte a raiz ao pensamento
não há morte para o vento
não há morte
Cantiga de Roda
poema de Mário Dionísio (de As solicitações e emboscadas, 1945)
música de Aníbal Raposo (2011)
Cavalo velho
cavalo novo
aos dois o freio
e a carroça
Menino-escola
velho na praça
a ambos sempre
a mesma roça
Basta de vida
tão repetida
A cada um
a sua idade
A vida ao homem
a morte ao lobo
Cavalo velho
cavalo novo
Em muitas coisas
coisas e loisas
viva a rainha
desigualdade
Bread and Roses
(1912)
poema de James Oppenheim
música de Caroline Kohlsaat ou Martha Coleman
A 1 de Janeiro de 1912 os trabalhadores da fábrica têxtil
Lawrence Textile
entraram em greve reagindo aos cortes salariais e à oposição
dos patrões em cumprir uma nova lei que limitava o número de horas do trabalho
de menores.
Os trabalhadores fizeram uma greve de nove semanas exigindo
aumento de salários, a não discriminação de trabalhadores imigrantes e
grevistas, salário igual para as mulheres, fim das acelerações do tempo de
trabalho, entre outras reivindicações. Grande parte foram conseguidas. Numa manifestação algumas mulheres
levaram pancartas com o slogan "Bread and Roses. Oppenheim
inspirou-se nelas para o poema. E Martha Coleman terá feito a música, adaptando o
poema. A canção tornou-se um marco na luta pela emancipação das mulheres.
As we go marching, marching, in the beauty of the day,
A million darkened kitchens, a thousand mill lofts gray,
Are touched with all the radiance that a sudden sun
discloses,
For the people hear us singing: Bread and Roses! Bread and
Roses!
As we go marching, marching, we battle too for men,
For they are women's children, and we mother them again.
Our lives shall not be sweated from birth until life closes;
Hearts starve as well as bodies; give us bread, but give us
roses.
As we go marching, marching, unnumbered women dead
Go crying through our singing their ancient call for bread.
Small art and love and beauty their drudging spirits knew.
Yes, it is bread we fight for, but we fight for roses too.
As we go marching, marching, we bring the greater days,
The rising of the women means the rising of the race.
No more the drudge and idler, ten that toil where one
reposes,
But a sharing of life's glories: Bread and roses, bread and
roses.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Encontrei um banqueiro
música de "Les Archers du Roi",
(canção de Albert Santoni et A. Pontin, 1961)
letra do coro da Achada,
(para a Greve Geral de Novembro de 2011)
Encontrei um banqueiro
que acumulava dinheiro
e mandava toda a gente trabalhar
Emprestava dinheiro
e roubava o mundo inteiro
deu-me um tostão mas estava preso ao alcatrão
Estamos fartos de senhores
Pelos cabelos com estupores
Não me peçam para engolir isto
De mudar a vida não desisto
Não, não não me peças pá
Que lamba as botas do marajá
Letra francesa original:
Ils ont commencé la saison
En fauchant les moissons
Avec les sabots de leurs coursiers
Ils sont venus à la maison
Ils ont pris les garçons
Sans demander permission !
Je les ai vu courber l’échine
Sous les coups de fouet qui pleuvaient
Cordes d’acier bardées d’épines
Qui les mordaient, les saignaient.
Non, ne me demandez pas
De saluer les archers du Roi
Et tout là-haut sur la colline,
la potence est dressée
Pour pendre ceux qu’on a condamnés
On y accroche au matin
Le mendiant qui a faim,
le bandit de grands chemins,
Celui qui, dans sa misère,
Voulut maudire le nom du Roi
Parce qu’il lui avait pris sa terre,
Son blé, sa réserve de bois.
Derrière chez moi il y avait
une fille que j’aimais
et qui m’avait donné ses printemps.
Mais un jour on l’a emmenée
Pour aller assister
A la noce d’un archer !
J’ai vu des tours tomber la pierre
J’ai entendu les gens hurler
Son corps fut jeté sans prières
Sur le bas-côté d’un fossé.
(canção de Albert Santoni et A. Pontin, 1961)
letra do coro da Achada,
(para a Greve Geral de Novembro de 2011)
Encontrei um banqueiro
que acumulava dinheiro
e mandava toda a gente trabalhar
Emprestava dinheiro
e roubava o mundo inteiro
deu-me um tostão mas estava preso ao alcatrão
Estamos fartos de senhores
Pelos cabelos com estupores
Não me peçam para engolir isto
De mudar a vida não desisto
Não, não não me peças pá
Que lamba as botas do marajá
Letra francesa original:
Ils ont commencé la saison
En fauchant les moissons
Avec les sabots de leurs coursiers
Ils sont venus à la maison
Ils ont pris les garçons
Sans demander permission !
Je les ai vu courber l’échine
Sous les coups de fouet qui pleuvaient
Cordes d’acier bardées d’épines
Qui les mordaient, les saignaient.
Non, ne me demandez pas
De saluer les archers du Roi
Et tout là-haut sur la colline,
la potence est dressée
Pour pendre ceux qu’on a condamnés
On y accroche au matin
Le mendiant qui a faim,
le bandit de grands chemins,
Celui qui, dans sa misère,
Voulut maudire le nom du Roi
Parce qu’il lui avait pris sa terre,
Son blé, sa réserve de bois.
Derrière chez moi il y avait
une fille que j’aimais
et qui m’avait donné ses printemps.
Mais un jour on l’a emmenée
Pour aller assister
A la noce d’un archer !
J’ai vu des tours tomber la pierre
J’ai entendu les gens hurler
Son corps fut jeté sans prières
Sur le bas-côté d’un fossé.
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