Letras

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Canto

poema de Carlos de Oliveira (1945)
música de Pedro Rodrigues (2012)

Cantar é empurrar o tempo ao encontro das cidades futuras
fique embora mais breve a nossa vida

Tu, coração não cantes menos
que a harmonia da terra
Nem chores mais
que as lágrimas dos rios

Livre

poema de Carlos de Oliveira
música de Fernando Lopes-Graça

Não há machado que corte a raiz ao pensamento
não há morte para o vento
não há morte

Se ao morrer o coração
morresse a luz que lhe é querida
sem razão seria a vida
sem razão

Nada apaga a luz que vive
num amor num pensamento
porque é livre como o vento
porque é livre

Não há machado que corte a raiz ao pensamento
não há morte para o vento
não há morte

Cantiga de Roda

poema de Mário Dionísio (de As solicitações e emboscadas, 1945)
música de Aníbal Raposo (2011)

Cavalo velho
cavalo novo
aos dois o freio
e a carroça

Menino-escola
velho na praça
a ambos sempre
a mesma roça

Basta de vida
tão repetida
A cada um
a sua idade

A vida ao homem
a morte ao lobo
Cavalo velho
cavalo novo

Em muitas coisas
coisas e loisas
viva a rainha
desigualdade

Bread and Roses

(1912)
poema de James Oppenheim
música de Caroline Kohlsaat ou Martha Coleman

A 1 de Janeiro de 1912 os trabalhadores da fábrica têxtil Lawrence Textile
entraram em greve reagindo aos cortes salariais e à oposição dos patrões em cumprir uma nova lei que limitava o número de horas do trabalho de menores.
Os trabalhadores fizeram uma greve de nove semanas exigindo aumento de salários, a não discriminação de trabalhadores imigrantes e grevistas, salário igual para as mulheres, fim das acelerações do tempo de trabalho, entre outras reivindicações. Grande parte foram conseguidas. Numa manifestação algumas mulheres levaram pancartas com o slogan "Bread and Roses. Oppenheim inspirou-se nelas para o poema. E Martha Coleman terá feito a música, adaptando o poema. A canção tornou-se um marco na luta pela emancipação das mulheres.

As we go marching, marching, in the beauty of the day,
A million darkened kitchens, a thousand mill lofts gray,
Are touched with all the radiance that a sudden sun discloses,
For the people hear us singing: Bread and Roses! Bread and Roses!

As we go marching, marching, we battle too for men,
For they are women's children, and we mother them again.
Our lives shall not be sweated from birth until life closes;
Hearts starve as well as bodies; give us bread, but give us roses.

As we go marching, marching, unnumbered women dead
Go crying through our singing their ancient call for bread.
Small art and love and beauty their drudging spirits knew.
Yes, it is bread we fight for, but we fight for roses too.

As we go marching, marching, we bring the greater days,
The rising of the women means the rising of the race.
No more the drudge and idler, ten that toil where one reposes,
But a sharing of life's glories: Bread and roses, bread and roses.