Letras

terça-feira, 13 de julho de 2021

Resolução dos communards (In erwägung)

 

Resolução dos communards
texto de Bertolt Brecht
música de Hanns Eisler

tradução: Pedro Rodrigues

 

 

Tendo em conta a nossa fraqueza

Escreveram leis pra dominar
Tendo em conta que não queremos ser escravos
Então deixaremos de as respeitar

 

refrão:

In Erwägung, daß ihr uns dann eben
mit Gewehren und Kanonen droht
haben wir beschlossen,

nunmehr schlechtes Leben
mehr zu fürchten als den Tod.

 

Tendo em conta que teremos fome
Se deixarmos que nos roubem pão
Que fique bem claro – são apenas montras
O que separa a comida desta mão

 

Tendo em conta que há grandes palácios

E tanta gente sem tecto, então

Decidimos que os vamos ocupar

Porque um buraco não é uma habitação

 

In Erwägung, daß ihr uns dann eben
mit Gewehren und Kanonen droht
haben wir beschlossen,

nunmehr schlechtes Leben
mehr zu fürchten als den Tod.

 

Tendo em conta que sobra carvão

E há quem morra de frio cá

Decidimos que ele passa a ser de todos

Tendo em conta que assim nos aquecerá

 

Tendo em conta que eles não sabem

Pagar com justiça o suor

Tomaremos fábricas e oficinas

Tendo em conta que sem patrões é melhor

 

 

In Erwägung, daß ihr uns dann eben
mit Gewehren und Kanonen droht
haben wir beschlossen,

nunmehr schlechtes Leben
mehr zu fürchten als den Tod.

 

Tendo em conta que é impossível

Confiar em chefes e senhores

Decidimos que a vida nas nossas mãos

É a forma de fazer dias melhores

 

refrão em português:

Tendo em conta que nos ameaçam

Com fuzis e com canhões os fortes

Decidimos então que de agora em diante

Temeremos a miséria mais que a morte

 

final:

Tendo em conta que os senhores só sabem

Entender a linguagem do canhão

Vale a pena virá-los ao contrário... (pausa/gesto)

Será que só assim entenderão?

 

 

 

 

 

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Gernikako arbola

 Gernikako arbola
(canção basca de José María Iparraguirre, 1853)

Guernikako arbola
Da bedeinkatua

Euskaldunen artean
Guztiz maitatua:

Eman ta zabal zazu
Munduan frutua,
Adoratzen zaitugu
Arbola santua.

Cânone descritivo

 Cânone descritivo
(2021)

Começa devagar, com tempo pra respirar
Depois aquela nota e dá uma voltinha
Na terceira sobe, sempre a balouçar
Na quarta sobe e fica até rebentar
Salta pra cá!... E desce toda contente
Depois, pra acabar, desce de um modo diferente


A comuna estará sempre viva

 A comuna estará sempre viva
(música adaptada de Elle n'est pas morte de Eugène Pottier/Victor Parizot)

À frente foram as mulheres
Tomando a iniciativa
E a revolta popular
Rompeu intempestiva

Comecemos por ouvir
As classes proprietárias:
«É preciso impedir
As revoluções proletárias!...»

A Comuna de Paris não está
morta como dizem
Pra quem luta pela igualdade
a Comuna estará sempre viva

Muita gente todavia
Tem medo do novo
E assusta-se a burguesia
Com o poder do povo

Ouçamos agora os escroques
Do poder sempre a reboque:
«Eu não gosto de mudanças,
mantenham a trabalhar as crianças...»

A Comuna de Paris não está
morta como dizem
Pra quem defende a liberdade
a Comuna estará sempre viva

Assassinaram sem pudor
Quem defendia a vida
Quem batalhava com ardor
Por casa e por comida

Quem não dá ponto sem nó
E defende o status quo:
«Deixem-nos ser os senhores
E vós telespectadores»

A Comuna de Paris não está
morta como dizem
Na luta contra a injustiça
A Comuna é uma estrela que brilha!

Pra quem luta pela igualdade
Pra quem defende a liberdade
Na luta contra a injustiça
A Comuna é uma estrela que brilha!


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Travessia do deserto

Travessia do deserto
José Mário Branco
arranjo do coro da Achada

Que caminho tão longo
Que viagem tão comprida
Que deserto tão grande
Sem fronteira nem medida
Águas do pensamento
Vinde regar o sustento
Da minha vida
Este peso calado
Queima o sol por trás do monte
Queima o tempo parado
Queima o rio com a ponte
Águas dos meus cansaços
Semeai os meus passos
Como uma fonte
Ai que sede tão funda
Ai que fome tão antiga
Quantas noites se perdem
No amor de cada espiga
Ventre calmo da terra
Leva-me na tua guerra
Se és minha amiga

Em cada ano a seiva é nova

Em cada ano a seiva é nova
cânone
poema de Mário Dionísio

em cada ano
a seiva é nova
em cada ano
a planta cresce
a folha nasce
e a flor
rebenta

As canseiras desta vida

As canseiras desta vida
letra e música de José Mário Branco
arranjo de Rubina Oliveira e coro da Achada


As canseiras desta vida
Tanta mãe envelhecida
A escovar, a escovar
A jaqueta carcomida
Fica um farrapo a brilhar

Cozinheira que se esmera
Faz a sopa de miséria
A contar, a contar
Os tostões da minha féria
E a panela a protestar
Dás as voltas ao suor
Fim do mês é dia 30
E a sexta é depois da quinta
Sempre de mal a pior
E cada um se lamenta
Que isto assim não pode ser
Que esta vida não se aguenta
O que é que se há-de fazer?
Corta a carne, corta o peixe
Não há pão que o preço deixe
A poupar, a poupar
A notinha que se queixa
Tão difícil de ganhar
Anda a mãe do passarinho
A acartar o pão pró ninho
A cansar, a cansar
Com a lama do caminho
Só se sabe lamentar
Dás as voltas ao suor
Fim do mês é dia 30
E a sexta é depois da quinta
Sempre de mal a pior
E cada um se lamenta
Que isto assim não pode ser
Que esta vida não se aguenta
O que é que se há-de fazer?
É mentira, é verdade
Vai o tempo, vem a idade
A esticar, a esticar
A ilusão de liberdade
Pra morrer sem acordar
É na morte ou é na vida
Que está a chave escondida
Do portão, do portão
Deste beco sem saída
Qual será a solução?
Dás as voltas ao suor
Fim do mês é dia 30
E a sexta é depois da quinta
Sempre de mal a pior
E cada um se lamenta
Que isto assim não pode ser
Que esta vida não se aguenta
O que é que se há-de fazer?

Tema para Morte e Vida Severina

Tema para Morte e Vida Severina
(sem palavras, música de Chico Buarque)

pode ser ouvido aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=BSzD_lFYiqc

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Una canción

Una canción
Adolfo Celdrán (música, 1970)
Jesús López Pacheco (poema)


Una canción,
una canción,
llena las calles
de la ciudad.
[bom bom bom bom bom bom bom...] bis
Canta el martillo,
canta el motor,
ya canta el brazo
trabajador.
[bom bom bom bom bom bom bom...] bis

Las herramientas
tienen cantar.
Lo canta el hombre
al trabajar.
[bom bom bom bom bom bom bom...] bis

Todas las manos
se van a alzar,
un solo puño
las unirá.
[bom bom bom bom bom bom bom...] bis

[Pueblo de España
ponte a cantar]
Pueblo que canta
no morirá.

Combate

Combate
versos de Joaquim Namorado
música de Fernando Lopes Graça

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos.
Vimos do cabo do mundo
com esse passo seguro
de quem sabe aonde vai.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Guerras perdidas e ganhas
marcaram o nosso corpo,
mas nunca em nós foi vencida
esta certeza sabida
de saber aonde vamos.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Os mortos não os deixamos
para trás, abandonados,
fizemos deles bandeiras,
guias e mestres, soldados
do combate que travamos.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Nada poderá deter-nos,
para o assalto das muralhas
nossos corpos são escadas,
para as batalhas da rua
nossos peitos barricadas.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Nada poderá vencer-nos,
vimos do cabo do mundo,
vindos do fundo da vida:
que somos o próprio mundo
e somos a própria vida.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Canção de Maio

Canção de Maio
versos de Joaquim Namorado
música de Fernando Lopes Graça


Em chegando o mês de Maio
vão nascer rosas vermelhas
em todos os roseirais.
Quem me dera já em Maio
que não chega nunca mais.

Tenho uma rosa vermelha,
trago-a no meu coração;
lá é sempre Primavera,
não há Inverno nem Verão.


Quem me dera já no fim
deste inverno tão comprido
que corre tão devagar.
Rosas vermelhas, carmim,
serão para me enfeitar.

Tenho uma rosa vermelha,
trago-a no meu coração;
lá é sempre Primavera,
não há Inverno nem Verão.

Se quiseres saber de mim
vai apanhar uma rosa
e põe-na no teu chapéu.
Ficarei sabendo assim
que o teu pensar é o meu.

Tenho uma rosa vermelha,
trago-a no meu coração;
lá é sempre Primavera,
não há Inverno nem Verão.


Rosas de Maio, quem mas dera
ver todo o ano a florir
em todos os roseirais.
Fosse sempre primavera,
não findassem nunca mais.

Tenho uma rosa vermelha,
trago-a no meu coração;
lá é sempre Primavera,
não há Inverno nem Verão.




terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Quando o Manel vier

Quando o Manel vier
canção inacabada de Zeca Afonso, transmitida por Francisco Fanhais ao coro da Achada

Quando o Manel vier
Sento-o à minha beira
lalalala lala lalalala...

Quando o Manel vier
Sento-o ao pé de mim
lalalala lala lalalala...

Quando o Manel vier
Sento-o à minha frente
lalalala lala lalalala...