Letras

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Travessia do deserto

Travessia do deserto
José Mário Branco
arranjo do coro da Achada

Que caminho tão longo
Que viagem tão comprida
Que deserto tão grande
Sem fronteira nem medida
Águas do pensamento
Vinde regar o sustento
Da minha vida
Este peso calado
Queima o sol por trás do monte
Queima o tempo parado
Queima o rio com a ponte
Águas dos meus cansaços
Semeai os meus passos
Como uma fonte
Ai que sede tão funda
Ai que fome tão antiga
Quantas noites se perdem
No amor de cada espiga
Ventre calmo da terra
Leva-me na tua guerra
Se és minha amiga

Em cada ano a seiva é nova

Em cada ano a seiva é nova
cânone
poema de Mário Dionísio

em cada ano
a seiva é nova
em cada ano
a planta cresce
a folha nasce
e a flor
rebenta

As canseiras desta vida

As canseiras desta vida
letra e música de José Mário Branco
arranjo de Rubina Oliveira e coro da Achada


As canseiras desta vida
Tanta mãe envelhecida
A escovar, a escovar
A jaqueta carcomida
Fica um farrapo a brilhar

Cozinheira que se esmera
Faz a sopa de miséria
A contar, a contar
Os tostões da minha féria
E a panela a protestar
Dás as voltas ao suor
Fim do mês é dia 30
E a sexta é depois da quinta
Sempre de mal a pior
E cada um se lamenta
Que isto assim não pode ser
Que esta vida não se aguenta
O que é que se há-de fazer?
Corta a carne, corta o peixe
Não há pão que o preço deixe
A poupar, a poupar
A notinha que se queixa
Tão difícil de ganhar
Anda a mãe do passarinho
A acartar o pão pró ninho
A cansar, a cansar
Com a lama do caminho
Só se sabe lamentar
Dás as voltas ao suor
Fim do mês é dia 30
E a sexta é depois da quinta
Sempre de mal a pior
E cada um se lamenta
Que isto assim não pode ser
Que esta vida não se aguenta
O que é que se há-de fazer?
É mentira, é verdade
Vai o tempo, vem a idade
A esticar, a esticar
A ilusão de liberdade
Pra morrer sem acordar
É na morte ou é na vida
Que está a chave escondida
Do portão, do portão
Deste beco sem saída
Qual será a solução?
Dás as voltas ao suor
Fim do mês é dia 30
E a sexta é depois da quinta
Sempre de mal a pior
E cada um se lamenta
Que isto assim não pode ser
Que esta vida não se aguenta
O que é que se há-de fazer?

Tema para Morte e Vida Severina

Tema para Morte e Vida Severina
(sem palavras, música de Chico Buarque)

pode ser ouvido aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=BSzD_lFYiqc

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Una canción

Una canción
Adolfo Celdrán (música, 1970)
Jesús López Pacheco (poema)


Una canción,
una canción,
llena las calles
de la ciudad.
[bom bom bom bom bom bom bom...] bis
Canta el martillo,
canta el motor,
ya canta el brazo
trabajador.
[bom bom bom bom bom bom bom...] bis

Las herramientas
tienen cantar.
Lo canta el hombre
al trabajar.
[bom bom bom bom bom bom bom...] bis

Todas las manos
se van a alzar,
un solo puño
las unirá.
[bom bom bom bom bom bom bom...] bis

[Pueblo de España
ponte a cantar]
Pueblo que canta
no morirá.

Combate

Combate
versos de Joaquim Namorado
música de Fernando Lopes Graça

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos.
Vimos do cabo do mundo
com esse passo seguro
de quem sabe aonde vai.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Guerras perdidas e ganhas
marcaram o nosso corpo,
mas nunca em nós foi vencida
esta certeza sabida
de saber aonde vamos.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Os mortos não os deixamos
para trás, abandonados,
fizemos deles bandeiras,
guias e mestres, soldados
do combate que travamos.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Nada poderá deter-nos,
para o assalto das muralhas
nossos corpos são escadas,
para as batalhas da rua
nossos peitos barricadas.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Nada poderá vencer-nos,
vimos do cabo do mundo,
vindos do fundo da vida:
que somos o próprio mundo
e somos a própria vida.

Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!

Canção de Maio

Canção de Maio
versos de Joaquim Namorado
música de Fernando Lopes Graça


Em chegando o mês de Maio
vão nascer rosas vermelhas
em todos os roseirais.
Quem me dera já em Maio
que não chega nunca mais.

Tenho uma rosa vermelha,
trago-a no meu coração;
lá é sempre Primavera,
não há Inverno nem Verão.


Quem me dera já no fim
deste inverno tão comprido
que corre tão devagar.
Rosas vermelhas, carmim,
serão para me enfeitar.

Tenho uma rosa vermelha,
trago-a no meu coração;
lá é sempre Primavera,
não há Inverno nem Verão.

Se quiseres saber de mim
vai apanhar uma rosa
e põe-na no teu chapéu.
Ficarei sabendo assim
que o teu pensar é o meu.

Tenho uma rosa vermelha,
trago-a no meu coração;
lá é sempre Primavera,
não há Inverno nem Verão.


Rosas de Maio, quem mas dera
ver todo o ano a florir
em todos os roseirais.
Fosse sempre primavera,
não findassem nunca mais.

Tenho uma rosa vermelha,
trago-a no meu coração;
lá é sempre Primavera,
não há Inverno nem Verão.




terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Quando o Manel vier

Quando o Manel vier
canção inacabada de Zeca Afonso, transmitida por Francisco Fanhais ao coro da Achada

Quando o Manel vier
Sento-o à minha beira
lalalala lala lalalala...

Quando o Manel vier
Sento-o ao pé de mim
lalalala lala lalalala...

Quando o Manel vier
Sento-o à minha frente
lalalala lala lalalala...