Liberdade («O poema é»)
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"
A liberdade
Um poema não se programa
Porém a disciplina
— Sílaba por sílaba —
O acompanha
Sílaba por sílaba
O poema emerge
— Como se os deuses o dessem
O fazemos
muitas das palavras que a gente canta
Liberdade («O poema é»)
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"
Do que um homem é capaz
letra e música de José Mário Branco
(da peça «Gulliver», de Swift/ Hélder Costa)
Do que um homem é capaz
As coisas que ele faz
Pra chegar aonde quer
É capaz de dar a vida
Pra levar de vencida
Uma razão de viver
PROPAGANDE DES CHANSONS
letra: Eugène
Pottier
música: Pedro Rodrigues
À Gustave Nadaud
Le
monde va changer de peau.
Misère, il fuit ton bagne.
Chacun
met cocarde au chapeau,
L’ornière et la montagne ;
Sac
au dos, bourrez vos caissons !
Entrez vite en
campagne,
Chansons !
Entrez vite en campagne !
Avec
vous, montant aux greniers,
Que l’espoir s’y hasarde !
Grabats
sans draps, pieds sans souliers,
Froid qui mord, pain qui
tarde :
On y meurt de bien des façons !…
Entrez
dans la mansarde,
Chansons !
Entrez dans la
mansarde !
Que le laboureur indigent
Voie à votre
lumière
Si la faulx des prêteurs d’argent
Tond ses blés la
première.
Mieux vaudrait la grêle aux moissons.
Entrez dans
la chaumière,
Chansons !
Entrez dans la chaumière !
Les
marchands sont notre embarras,
L’esprit démocratique
Tombe à
zéro, - souvent plus bas ! -
Chez l’homme qui
trafique.
Tirez du feu de ces glaçons !…
Entrez dans la
boutique,
Chansons !
Entrez dans la boutique !
On
vous prendra, dit le rusé,
Propriété, famille.
Le
propriétaire abusé
S’enferme et croit qu’on pille.
Pour
guérir ces colimaçons,
Entrez dans leur
coquille,
Chansons !
Entrez dans leur coquille !
En
paix, l’armée est un écrou
Dans la main qui gouverne,
Pour
serrer le carcan au cou
Du peuple sans giberne.
Cet écrou,
nous le dévissons…
Entrez dans la caserne,
Chansons !
Entrez
dans la caserne !
(Paris, 1848)
The seed you sow
texto: excerto
de Men of England – a song, de Percy B. Shelley
música de Pedro Rodrigues e coro da Achada
[mi
maior]
The seed ye sow, another
reaps;
The wealth ye find,
another keeps;
The robes ye weave,
another wears;
The arms ye forge,
another bears.
Sow seed—but let no
tyrant reap:
Find wealth—let no
imposter heap:
Weave robes—let not the
idle wear:
Forge arms—in your
defence to bear.
[dito]
Have
ye leisure, comfort, calm,
Shelter, food, love’s
gentle balm?
Or what is it ye buy so
dear
With your pain and with
your fear?
[dito]
Tendes lazer, conforto, calma,
Abrigo, comida, o delicado bálsamo do amor?
Ou que é isso que pagais tão caro
Com a vossa dor e o vosso medo?
Cantiga bailada
(versão «As casas da Mouraria», letra de José Castro para a música de Brigada Victor Jara)
Adeus ó rua da fonte
(Eras tão bonita e eu já te não quero)
Calçadinha mal segura (x2)
Quando passa o meu amor
(Eras tão bonita...)
Não há pedra que não bula (x2)
Óló alarilolela Óló alariloló
Subia só p'ra te olhar
Mas hoje já não te encontro
Para onde foste morar
Óló alarilolela Óló alariloló
As casas da Mouraria
Hão de ter gente outra vez
Vivendo as suas vidas
Sem mágoas ao fim do mês
Óló alarilolela Óló alariloló
Óló alarilolela Óló alariloló
Canto dos Torna-Viagem
José Mário Branco (Resistir é vencer, 2004)
Foi no sulco da viagem
Já sem armas nem bagagem
Nem os brazões da equipagem
Foi ao voltar
Ovo
(excerto)
(Manel Cruz)
Um é bom pra fumar
Dois é bom para lamber
Três pra dizer
Quatro é bom pra falar
Cinco para ouvir
Seis para ir lá para trás
Sete eles sentem-se mais
Oito eles sabem que o são
Nove não cabem na cela
Dez rebentam com ela
(...)
Sento il fischio
Possível o impossível
(Cânone com excertos poemas de Mário Dionísio)
possível o recomeço
possível o sobressalto
possível o sonho solto
possível um mundo novo
possível o impossível
longe é o mais perto
longe é o mais perto longe
Cão Raivoso
Sérgio Godinho (1974)
Mais vale ser um cão raivoso
Do que um carneiro
(Do que um carneiro)
Margoudi e Alexandris
To
Margúδi ki o Alexandrís
vgénun
stin avlí kryfá kryfá (x2)
Ts’eíδ
i geituniá
ke puspuriz'
ts’eíδ
i mána tis ki murmuríz'
(x2)
Sto
`pa vre Margúδi m’ na mi vgén’
ékso
stin avlí kryfá kryfá (x2)
Áma
théleis mána, δeíre me (cânone)
páli
egó tha vgéno
stin avlí
gia
na vlépo ton Aleksandrí
(x2)
Margoudi
and Aleksandris,
they meet
secretly in the yard;
the
neighbourhood is gossiping,
and her
mother is muttering:
"I
told you Margoudi not to go out,
out in the
backyard secretly."
"If
you wish, mother, beat me;
I will
still be going out in the yard,
in
the yard to see Aleksandris."
Το Μαργούδι κι ν’ Αλεξαντρής
βγαίνουν στην αυλή κρυφά κρυφά
Τσ’ είδγι γειτουνιά και πουσπουριζ'
τσ’ είδγί μάνα της κι μουρμουρίζ'
Στο `πα βρε Μαργούδι μ’ να μη βγαίν’
ς έξω στην αυλή κρυφά κρυφά
Άμα θέλεις μάνα, δείρε με
πάλι εγώ θα βγαίνω στην αυλή
για να βλέπω τον Αλεξαντρή
(todo x2)