Letras

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Não têm nome

Não têm nome
letra: Pedro Rodrigues

São
escondidos
oprimidos
explorados
ofendidos
 
esquecidas
ignoradas
acusadas
reprovadas
 
chumbados
desempregados
gozados
domesticados
 
criadas
empurradas
apertadas
mal-tratadas
 
invisíveis
chateadas
proletárias
enganadas
 
são...
 
Não têm nome ou ninguém se lembra
Nos livros de história lê-se a sua ausência
Não há memória que resgate
a sua inexistência
(Uma tesoura corta-lhes a sombra)
 
etiquetados
carimbados
enlatados
deprimidos
 
pobres
carregadas
apanhadas
vigiadas
 
escravizados
fracos
infantilizados
soldados
 
discriminadas
rebaixadas
humilhadas
roubadas
 
colonizados
esfomeados
danados
silenciados
 
pausa
 
refrão
 
são chamados de
bandidos
preguiçosos
artistas
incompetentes
 
ladrões
mal-educados
inúteis e
debochados
 
fúteis
idealistas
atrasados
impossíveis
 
porcos
miseráveis
invejosos
falhados
 
adolescentes
indigestos
indigentes
incapazes
 
são chamados

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Vim devagarinho

 
Vim devagarinho
música e letra de PR

Vim devagarinho
vim devagarinho
vim devagarinho
e nem foi a acelerar
Vim devagarinho
vim devagarinho
vim devagarinho
cheguei antes do jantar

vim devagarinho
cheguei em vinte minutos
vim devagarinho
trazia os olhos enxutos

Vim devagarinho...

vim devagarinho
pra dançar com o meu amor
vim devagarinho
não me julgues pela cor

Vim devagarinho...

vim devagarinho
fui chegando aos poucos
vim devagarinh'
ai os poderes são moucos

Vim devagarinho...

vim devagarinho
cheguei vivinha da silva
vim devagarinho
tu não sejas marialva

Vim devagarinho...

vim devagarinho
vinho verde e madressilva
vim devagarinho
e vim com uma ressalva

Vim devagarinho...




Vida de sardinha

SARDINHA (vida de)
música de «Penn Sardin» de Claude Michel
letra de Pedro R.


vida de sardinha
nunca foi fácil
mas agora então
'inda mais volátil

a sardinha quer o pão
mas também quer um futuro
a sardinha quer o pão
mas não quer a vossa exploração

se vou de transporte
sou enlatada
se vou a nadar
hei-de ser pescada

a sardinha quer o pão
também quer ser respeitada
a sardinha quer o pão
mas não quer a vossa exploração

la lalala...

ao chegar a casa
bem estafada
a conta do gás
e a conta da água

a sardinha quer o pão
mas também quer outra vida
a sardinha quer o pão
mas não quer a vossa exploração

posta numa loja
de qualquer cidade
oprimida até
na publicidade

a sardinha quer o pão
também quer não ser vendida
a sardinha quer o pão
mas não quer a vossa exploração

la lalala...

neo-liberais
e coisas que tais
querem que obedeça
aos capitais

a sardinha quer o pão
fora das leis do mercado
a sardinha quer o pão
mas não quer a vossa exploração

no dia seguinte
os conservadores
querem impedir-me
de ter amores

a sardinha quer o pão
mas também quer liberdade
a sardinha quer o pão
mas não quer a vossa exploração

la lalala...

metida na lata
eu já estou farta
vamos fazer greve
rai's que o parta!

a sardinha quer o pão
e os meios de produção!
a sardinha quer o pão
mas não quer a vossa exploração

um dia juntou-se
às companheiras
pra ganhar o mundo
e perder estribeiras

a sardinha quer o pão
e quer solidariedade
a sardinha quer o pão
e quer a revolução!

la lalala...

Sinal de Alarme

 Sinal de Alarme (cânone)
de Pedro Rodrigues

Puxe o manípulo vermelho
Fale para o intercomunicador
Só utilizar em caso de perigo
Penalidades por uso indevido
Em situação de emergência
Sinal de Alarme

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Mano

 Mano (cânone)

Não tem de haver
Para tudo uma razão
Mas deixem-nos perguntar
Porque é que o ser humano tem de ser lobo do
mano?

Grândola, vila morena

Grândola, vila morena

José Afonso, LP Cantigas do Maio, 1971

 

 

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

 

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

 

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

 

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

 

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

 

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade



Sin pan

Sin pan

San Antonio pa comer,
San Antonio pa cenar,
San Antonio pa comer y trabajar.

Sin pan, sin pan, sin pan,
Sin pan, sin pan, sin pan,
Sin pan, sin pan, sin pan,
Y trabajar.


Una gracia pa comer,
Una gracia pa cenar,
Una gracia pa comer y trabajar.


Santo Cristo de Fisterre

Santo Cristo de Fisterre
Celso Emilio Ferreiro

Dende que Franco e Falanxe
aferrollaron España
somos un pobo de ilotas
que nos quedamos sin patria.

Miña nai, miña naiciña,
eiquí non podo vivir:
tanto cura e tanto frade,
non teño sitio pra min.

Santo Cristo de Fisterre
santo da barba dourada,
axudádeme a pasar
a negra noite de España.

Cándo chegará o día
de ver libre a nosa patria,
que o vento libre repouse
na porta de cada casa?

terça-feira, 17 de março de 2020

Stornelli d'esilio

Stornelli d'esilio
letra de Pietro Gori (1895-98)
música retirada da canção popular toscana "Figlia Campagnola"


O profughi d’Italia, a la ventura
si va senza rimpianti nè paura.

Nostra patria è il mondo intero,
nostra legge è la libertà
ed un pensiero
ed un pensiero
Nostra patria è il mondo intero,
nostra legge è la libertà
ed un pensiero
ribelle in cor ci sta.


Dei miseri le turbe sollevando,
fummo d´ogni nazione messi ai bando,

refrão

Dovunque uno sfruttato si ribelli,
noi troveremo schiere di fratelli.

refrão

Raminghi per le terre e per i mari,
per un´idea lasciammo i nostri cari.

refrão

Passiam di plebi varie fra i dolori,
de la nazione umana precursori.

refrão

Ma torneranno, o Italia, i tuoi proscritti,
ad agitar la face dei diritti,

refrão

Nós somos todas mulheres

Nós somos todas mulheres
Mas faltam cá muitas mais
Ainda não há igualdade é verdade
Mas que nada muda é mentira

Miss Beleza Universal

Miss Beleza Universal
de Doralyce (2017)
Mode on high tech
Modelo ocidental
Magra, clara e alta
Miss beleza universal
É ditadura!
Quanta opressão
Não basta ser mulher
Tem que tá dentro do padrão
Miss beleza, miss beleza universal
Miss beleza, miss beleza universal
Miss beleza, miss beleza universal
Miss beleza, miss beleza universal
Mode on high tech
Modelo ocidental
Magra, clara e alta
Miss beleza universal
É ditadura!
Quanta opressão
Não basta ser mulher
Tem que tá dentro do padrão
Dentro do padrão
Dentro do padrão
Foda-se o padrão
Miss beleza, miss beleza universal
Miss beleza, miss beleza universal
Miss beleza, miss beleza universal
Miss beleza, miss beleza universal

segunda-feira, 16 de março de 2020

Canonavírus

Canonavírus
Cânone para a quarentena,
Os despejos prosseguiam em Março de 2020,
em tempos de pandemia (o chamado "coronavírus").

20 segundos a lavar as mãos
Tossir e espirrar é pró cotovelo
Não dar beijinhos nem apertos de mão
Dizer olá pode ser de punho erguido
(Se tudo pára porque não param os despejos?)




Mon petit garçon


Mon petit garçon
de Michel Tonnerre
(incluída no álbum Fumier de Baleine, 1992)

Dans la côte à la nuit tombée
On chante encore sur les violons
Au bistrot sur l'accordéon
C'est pas la bière qui te fait pleurer

Et l'accordéon du vieux Joe
Envoie le vieil air du matelot
Fout des embruns au fond des yeux
Et ça te reprend chaque fois qu'il pleut

Mon petit garçon met dans ta tête
Y'a qu'les chansons qui font la fête
Et crois-moi depuis l'temps qu'je traine
J'en ai vu pousser des rengaines
De Macao à la Barbade
Ca fait une paye que j'me balade
Et l'temps qui passe à fait aux vieux
Une bordée de rides autour des yeux


Allez Joe joue nous l'Irlandais
Qu't'as appris quand tu naviguais
Pendant ton escale à Galway
Du temps où t'étais tribordais

Du temps où c'était pas la joie
Payé au grain dans les pavois
Les mains coupées par l'vent glacé
Sans même la force de fredonner

Refrão

Et y'a l'temps qui mouille au dehors
Dans la toiture ya l'vent du nord
Les yeux des filles belles à aimer
Et la chanson qui t'fait pleurer

Et même si t'as pas navigué
T'as l'droit d'boire avec les autres
T'es quand même un frère de la côte
Et t'as même le droit d'la gueuler

Refrão

Quand on s'ra saouls comme des bourriques
On ira chanter sur les quais
En rêvant des filles du Mexique
Les chants des navires négriers

Hâle sur la bouline envoyez
Quand la boiteuse va t'au marché
Quand on virait au Cabestan
Et toutes les vieilles chansons d'Antan
Refrão

El Payandé


El Payandé
Letra do colombiano Vicente Holguin,

Música do peruano Luis Albertini.
Este canto escrito em 1867 fala da escravatura, abolida na Colômbia em 1851 e no Perú em 1854.
O “payandé” é uma grande árvore da família das acácias.


Nací en las playas (de Magdalena)
Bajo la sombra de un payandé
De un payandé
Como mi madre fue negra esclava fue negra esclava
También la marca yo la llevé yo la llevé

Refrão:
(Ay) O-o-o Suerte maldita
Maldita suerte maldita
Llevar cadenas llevar cadenas
Y ser esclava
Y ser esclava de un vil señor
De un vil señor


Por las mañanas (cuando¬ amanece)
Me voy al campo con mi azadón
Con mi azadón
Como a tajazos plátano asado plátano asado
Riego la tierra con mi sudor con mi sudor

Refrão

Cuando a la sombra (de una palmera)
Quiero ampararme del rudo sol del rudo sol
Làtigos fieros cruzan mi espalda
Cruzan mi espalda
Y me recuerdan que esclavo soy
Que esclavo soy

Refrão

Si yo pudiera (tener mi lanza)
Vengarme airado de mi señor de mi señor
Con gusto vería arder su casa arder su casa
Y le arrancaría el corazón el corazón

Refrão